domingo, 8 de dezembro de 2013
Vídeo - Cidades Educadoras - O objetivo da educação não é desenvolver conceitos tradicionais de "educação cívica" com moralismos que cheiram a mofo, mas permitir que os jovens tenham acesso aos dados básicos do contexto que regerá as suas vidas. Não se trata de privilegiar o "prático" relativamente ao "teórico", trata-se de dar um embasamento concreto à própria teoria.
Educação em Rede
Como descreve Gadotti, o professor “deixará de ser um lecionador para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem (...) um mediador do conhecimento, um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador de aprendizagem” (Gadotti, 2002).
sábado, 7 de dezembro de 2013
Intervenção disciplinar - por Márcia Porcaro - 4º período Pedagogia - Psicologia
UEMG – UNIDADE DE LEOPOLDINA - CURSO DE PEDAGOGIA Disciplina – Psicologia Professora: Susana Aluna: Márcia Porcaro Salomão
Na entrevista inicial enfocava alguns comportamentos dos alunos e sua dificuldade em lidar com estes de uma forma que não fosse desgastante.
conversa excessiva dos alunos;
a agressão verbal entre eles,
o modo como apontam defeitos do outro e não reconhecem as próprias inadequações.
Disse que é um desgaste parar a aula a todo o momento para chamar a atenção e que não gostaria de precisar usar reforço negativo, para conseguir silêncio, porém o faz porque os alunos só atendem quando ela explode
entrevista e conversas informais com a professora sobre a intervenção realizada junto aos alunos, para que essa se reconhecesse como coprodutora do contexto.
A proposta de trabalhar em duas vertentes, a saber, com os alunos e com a professora, fundamentou-se no pressuposto de que qualquer mudança em uma dada situação implica os vários polos da relação que a constituem.
Observação
Dinâmicas de atividades
Para conhecer a situação e ao mesmo tempo estabelecer vínculo com os alunos e a professora, condição para qualquer intervenção psicológica, foram realizadas 15 observações em sala de aula, em diferentes dias, horários e disciplinas. No primeiro dia, após breve apresentação e explicação da proposta de trabalho, a recepção, por parte dos alunos, foi calorosa, o que pode ser explicado pelo fato de estarem acostumados à presença de estagiários posto se tratar de colégio vinculado a uma universidade.
as relações entre os alunos, destes com a professora e dela com os alunos.
a turma mostrou ter muita energia e intensas trocas
corpo e voz eram constantemente usados para comunicar.
muitos alunos falavam ao mesmo tempo,
a professora falava sem ser ouvida
, todos queriam participar ao mesmo tempo
vários alunos levantavam a mão,
queriam ser ouvidos, mas não se dispunham muito a ouvir o outro.
pedia silêncio sem levantar o tom de voz;
chamava a atenção de alunos individualmente;
chamava a atenção da turma, levantando a voz e demonstrando sua irritação
ameaçava os alunos com algo desagradável para eles,
como ficar na aula depois do término das atividades,
ou não ir a brinquedoteca;
Geralmente as últimas estratégias eram usadas quando as primeiras não surtiam efeito.
não reconhecerem as próprias inadequações,
pois em diversas ocasiões um aluno que recém havia parado de falar chamava a atenção de um colega que estava conversando.
A agressão entre os alunos foi observada como parte das interações,
algo que iniciava sempre entre risos,
como uma brincadeira de provocar o outro,
com palavras, olhares, tapas ou socos, e que às vezes ultrapassava um limite que não estava claro para eles.
o do aluno modelo,
admirado e respeitado por todos;
o do bode expiatório da turma;
o do aluno excluído
. Alguns desses lugares eram identificados através de apelidos pejorativos, que faziam trocadilhos com os nomes,
como por exemplo, Otário ao invés de Otávio.
cada aluno elegeu três colegas
com quem gostaria de fazer um trabalho na sala de aula
e três com quem gostaria de passar um final de semana.
circular pela sala enquanto fala
se aproximar de quem estiver conversando, em vez de ficar lá na frente e de lá chamar a atenção de alguns alunos individualmente;
ter claro para si e deixar claro para os alunos algumas regras de comunicação, a serem coletivamente acordadas: por exemplo, quanto ao aluno levantar o braço e esperar sua vez para falar;
distribuir a vez de falar aos alunos mediante algum sistema de sorteio;
Mas como de nada adiantaria a professora conceder a palavra ao sorteado se os colegas não o escutassem, fazia-se necessário um trabalho de mobilização do grupo para essa nova forma de relação. O planejamento de como inserir o sorteio foi elaborado conjuntamente com a professora e consistiu em uma dinâmica de intervenção focal onde vários aspectos foram trabalhados.
sala com espaço para acomodar os 25 alunos,.
os alunos em círculo no chão,
Foi dito aos alunos que seria uma brincadeira com várias etapas, mas que só funcionaria se aceitassem as regras.
Os alunos foram convidados a caminhar, observando um detalhe da sala que ainda não tinham notado.
deveriam parar e formar duplas, olhando para o colega mais próximo e procurando reconhecer nele algo que achavam legal, alguma coisa que gostavam.
Durante todo este momento a regra era não encostar nos colegas e ficar em silêncio.
colou-se uma fita adesiva na boca de cada aluno após explicar-lhes que isso os ajudaria com sua dificuldade de ficar em silêncio.
Um de cada vez tirava a fita, contava o que havia observado da sala e recolocava a fita. Explicou-se que quem estivesse com a fita na boca estaria fazendo um exercício de escuta, prestando atenção no colega que estivesse com a palavra e este, ao passar sua vez de falar, recolocaria a fita para também respeitar a vez de falar do outro colega, assim como a sua vez foi respeitada.
Nesse momento os alunos começaram a entrar no jogo.
Cada um percebeu um aspecto diferente da sala e o compartilhou com os colegas.
Finalizou-se este momento comentando como essa brincadeira tinha sido interessante para perceber que na vida, nas situações em que se vive, no espaço da sala de aula ou fora dela, muitas vezes não se costuma enxergar o que está diante dos olhos,
Destacou-se também que cada um havia notado um aspecto diferente na sala, ou seja, cada pessoa via por um ângulo diferente o contexto que era, em tese, igual para todos.
Um aluno de cada vez contava para a turma o que havia reconhecido de legal no colega com quem formou dupla e vice-versa.
Nesta atividade, o aluno que falava retirava a fita mas não a recolocava, porque teria o desafio de por si mesmo ficar em silencio;
um aluno de cada vez contava para o grupo um segredo seu.
chamando a atenção para o fato de que cada pessoa é única, singular,
tem aspectos positivos que conhecemos e outros que desconhecemos.
a marca pessoal de cada um, tendo no verso o nome da chamada e na frente um nome especial, podendo ser algum animal, planta ou elemento da natureza,
escolhido por apresentar uma característica que eles admiram e se identificam. Além disso, foi proposto que os alunos desenhassem uma figura que representasse esse nome.
Finalizada a tarefa, foi aberto espaço para que cada um mostrasse o seu cartão para o grupo e dissesse porque escolheu aquele nome e desenhou aquela figura, guardando em seguida o cartão num saquinho que ia passando de um e um.
foi explicado o destino que seria dado àquele saquinho e aos cartões de identidade:
seriam usados para sorteio quando a professora tivesse uma atividade de correção de exercício;
então, em vez de todos falarem ao mesmo tempo, a professora sortearia quem iria responder à questão e todos precisariam prestar atenção, porque qualquer um teria chances de ser sorteado.
a maioria destacou que foi ruim,
não podiam falar, conversar,
que isso dava agonia porque são costumados a falar muito,
foi difícil ficar em silêncio, que era impossível não falar.
Um aluno que não usou a fita porque estava com o nariz congestionado disse que, sem a fita, foi mais difícil ficar em silêncio.
lado positivo de terem usado a fita, pois assim conseguiram ficar um pouco em silêncio
A atividade foi encerrada com a proposta/desafio de exercitarem diariamente em sala de aula o respeito à sua vez de falar e o escutar quando o outro está falando, sem precisar do controle externo de uma fita.
Segundo a professora, o sorteio, solicitado pelos próprios alunos, estava sendo útil para a organização das falas durante atividades de correção, pois nesses momentos respeitavam a vez de cada um falar.
No entanto, a mudança não acontecia em outras situações, como durante as explicações de conteúdos, onde as conversas paralelas continuavam.
Os alunos tinham sido mobilizados para a mudança. Porém, como esse problema de comunicação não estava localizado neles e sim na relação entre eles e a professora - relações essas mediadas por uma lógica institucional que imprimia às práticas educativas a cisão entre saber/não saber, quem fala e quem escuta - também dependia dela agir de modo diferente para que mudanças realmente acontecessem.
Foi refletido com a professora, quais eram os momentos em que realmente precisava do silêncio da turma e em quais momentos poderia dar liberdade para que conversassem, sobre quando a atenção precisava estar centrada na professora e quando não precisava.
Ela falou que não exigia silêncio todo o tempo, mas em momentos como quando precisava dar orientações sobre exercícios ele era necessário e difícil de ser estabelecido. Foi perguntado se achava possível buscá-lo através de outra maneira que não coercitivamente, através do riso, por exemplo, chamando a atenção deles para algum modo de agir que fosse inusitado. Ela disse que pensaria sobre isso.
Destacou-se então que o mais importante era essa posição aberta, sua disponibilidade para refletir sobre as situações de sala de aula e buscar, na interlocução com um outro, possibilidades diferenciadas de ação.
Compreender o modo como as relações professora/alunos e entre os próprios alunos estavam configuradas.
Desse reconhecimento adveio a socialização do que foi observado para a professora, condição indispensável a troca de impressões e reflexão sobre o modo de ação de alunos, professora e do próprio profissional psi, implicando todos na (re)produção das relações sociais que constituem o contexto escolar (Zanella, 2003).
A constituição desse espaço dialógico com a(s) professora(s) é uma das importantes contribuições do(a) psicólogo(a) que atua em contextos escolares No caso da intervenção aqui relatada, a partir do diálogo com a professora foi possível refletir sobre sua prática, bem como planejar uma atividade que mobilizasse alunos e professora para outras formas de agir e se relacionar.
A questão da conversa excessiva dos alunos foi trabalhada na intervenção justamente de modo a mobilizar os alunos nesse processo de autorregulação da própria conduta, utilizando para isso a mediação de várias ferramentas8: a fita adesiva na boca, o destaque para a necessidade de escutar e ser escutado, o sistema de sorteio para que todos tivessem chance de obter o direito à palavra.
A fita, portanto, era um recurso simbólico, uma mediação externa que precisava ser apropriada por eles. Era necessário fazê-los se apropriar dessas significações, pois a apropriação da linguagem possibilita à criança dominar o seu movimento, submetendo-o ao controle das funções simbólicas, ou seja, sua ação pode ser pensada e planejada, sua atividade pode a ser autorregulada.
A escolha do meio lúdico para envolver os alunos na apropriação dessas significações foi estratégica. Dizer-lhes simplesmente que era necessário conter o desejo de estabelecer conversas paralelas durante as aulas era um recurso ineficiente, que os imputava ao lugar de assujeitados a uma condição externa.
Por outro lado, envolvê-los em uma brincadeira onde a regra era ficar em silêncio para escutar a fala do outro, significava considerá-los como sujeitos ativos na produção de um contexto relacional novo, onde escolhiam subordinar seu impulso de falar à sua vontade de participar do jogo. Esse atributo essencial da brincadeira, de fazer com que uma regra se torne um desejo, é destacado por Vygotski a situação do brinquedo exige que a criança aja contra o impulso imediato.
além da atividade lúdica, o momento de compartilhar a experiência, fundamental para explicitar as significações ali engendradas, bem como conhecer o modo como os sujeitos haviam delas se apropriado.
Este momento de reflexão foi importante na mobilização dos sujeitos para a mudança, uma vez que ...o desenvolvimento da vontade, a capacidade de fazer escolhas conscientes, ocorre quando a criança opera com o significado de ações.
A interação das crianças e destas com a professora durante a intervenção,
a confrontação ativa e cooperativa de diferentes pontos de vista, criou um espaço intersubjetivo definido por Vygotski como Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP).
Segundo Zanella, Zona de Desenvolvimento Proximal consiste no campo interpsicológico onde significações são socialmente produzidas e particularmente apropriadas, constituído nas e pelas relações sociais em que os sujeitos encontram-se envolvidos com problemas ou situações em que há o embate, a troca de ideias,
o compartilhar e confrontar pontos de vista diferenciados o que caracteriza a ZDP é a confrontação ativa e cooperativa de compreensões variadas a respeito de uma dada situação.
Cabe ainda destacar a importância de o professor realizar mediações que possibilitem aos alunos assumir atitudes que de forma autônoma ainda não seriam capazes. Várias falas da professora no decorrer da atividade com os alunos tiveram essa dimensão, fundamentalmente porque assentes na confiança nos próprios alunos. Esse acreditar nos alunos é fundamental para toda e qualquer mudança, pois (...) as expectativas do professor sobre o desempenho dos alunos pode funcionar como uma profecia educacional que se autorrealiza. Essa autorrealização não se dá pela profecia em si, senão que a forma de agir do professor na relação com os alunos, influenciada por essa crença, acaba contribuindo para esse resultado.
A questão do preconceito dirigido a alguns alunos foi trabalhada na dinâmica através dessa possibilidade de resignificação, ou seja, mobilizando os alunos para uma mudança de olhar, convidando-os a buscar reconhecer no outro o que ele tinha de positivo. Isso foi feito sobretudo em relação a José Otávio, que era chamado pelos colegas, em várias ocasiões, de José Otário. Através da criação do cartão de identidade os alunos tiveram a possibilidade de escolher como gostariam de ser chamados, o que enfatizou as singularidades ali presentes. Essa mudança de olhar é fundamental, pois:
O aluno, é claro, é protagonista de sua própria história, porém esta não é somente sua, é produzida e reproduzida pelos muitos outros com os quais convive. Resignificar trajetórias é tarefa árdua e requer, nesse sentido, muito mais que a mudança de postura do próprio sujeito: é necessário que esses muitos outros transformem olhares, atitudes e expectativas, permitam enfim a circulação, produção e apropriação de sentidos outros que expressem/constituam diferentes formas de pensar, sentir e agir.
Em geral, os professores de ensino regular, ao solicitarem ajuda de profissionais da psicologia, localizam os problemas que enfrentam em sala de aula nos alunos, sejam nas dificuldades de aprendizagem ou nas dificuldades de relacionamento destes com colegas e/ou professores.
No caso da intervenção aqui relatada, a queixa apresentada pela professora também vinha nessa direção. Porém, um diferencial nessa queixa foi o reconhecimento, por parte da professora, de sua própria dificuldade em lidar com as conversas paralelas dos alunos, o que possibilitou a constituição de um espaço, tanto com a professora como com a professora e os alunos, para refletir sobre as relações interpessoais em sala de aula e as possibilidades de virem a ser modificadas.
A contribuição de um profissional em psicologia nesse movimento pode ser fundamental, desde que se disponha a conhecer o contexto em que irá intervir, que se disponha a ouvir seus diferentes partícipes e construir com estes espaços de reflexão e resignificação de práticas e relações.
A intervenção aqui relatada pretendeu seguir essa diretriz, embora seu espectro e resultados tenham sido limitados. Afirma-se isso porque se reconhece a necessidade de que a atuação da psicologia em contextos escolares seja ampliada, de modo a envolver todos os professores, outros profissionais, os alunos e seus responsáveis.
Necessário se faz, nessa perspectiva, ampliar os canais de comunicação, pois toda e qualquer mudança em contextos educacionais se efetiva a partir de relações dialógicas em que as práticas pedagógicas e possibilidades de sua transformação constituem-se como foco do debate, da problematização rigorosa que fundamenta a (re)criação de saberes e fazeres.
Concepção da dialética da Educação - Um Estudo Introdutório por Márcia Helena Porcaro Salomão 4º Pedagia UEMG
CONCEPÇÃO DA DIALÉTICA DA EDUCAÇÃO
UM ESTUDO INTRODUTÓRIO
MOACIR GADOTTI
ALUNA: MÁRCIA HELENA PORCARO SALOMÃO
PROF°: INÁCIO FRADE
CURSO: PEDAGOGIA - 3° PERÍODO -
UEMG - UNIDADE LEOPOLDINA -
2013
A CONCEPÇÃO DIALÉTICA DA EDUCAÇÃO
UM ESTUDO INTRODUTÓRIO
MOACIR GADOTTI
Moacir Gadotti nasceu em Rodeio – SC em 01 de outubro de 1941. É professor titular da Faculdade de Educação da USP desde 1991 e o atual diretor do Instituto Paulo Freire.
Moacir Gadotti é licenciado em Pedagogia e Filosofia, mestre em Filosofia da Educação pela PUC-SP, doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra (Suíça) e livre docente pela Unicamp.
Possui várias publicações voltada para a área de educação entre elas: A Concepção da Dialética – Um estudo introdutório – obra publicada em 1984 em SP pela editora Cortez, em que desenvolve uma proposta educacional cujos objetivos são a formação crítica do educador e a Escola Cidadã, numa perspectiva dialética integradora da educação e orientada pelo paradigma do mundo.
SÍNTESE DO CONTEÚDO
A dialética é uma filosofia que aborda uma concepção do homem. Da sociedade e da relação homem-mundo, ou seja, um método de conhecimento.. Na Grécia antiga, a dialética significava “arte do diálogo”. Desde suas origens mais antigas a dialética estava relacionada com as discussões sobre a questão do movimento, da transformação das coisas. A dialética percebe o mundo como uma realidade em contínua transformação. Em tudo que existe há uma contradição interna.
A concepção dialética de Moacir Gadotti visa aplicar as categorias do materialismo histórico marxista, que se preocupavam nas relações sociais, políticas e econômicas do desenvolvimento histórico-cultural da sociedade, a fim de compreender a sociedade, em que a essência do homem é o conjunto das relações sociais.
A dialética considera cada objeto com suas características próprias e suas contradições. Para a dialética não existem “regras universais”. Do ponto de vista marxista, a dialética focaliza as coisas e suas imagens conceituais em suas conexões, em seu encadeamento, em sua dinâmica, em seu processo de gênese e envelhecimento.
Enquanto a lógica dialética parte do princípio da contradição, a lógica formal parte do seu oposto, isto é, da lei da não contradição. Em nossos dias a dialética e o método dialético têm sido entronizados no mundo capitalista, reduzidos a produtos de consumo, onde grupos cultuam suas virtudes revolucionárias.
A dialética é também uma teoria engajada, pois do ponto de vista do proletariado não é uma condição suficiente para o conhecimento da verdade objetiva, mas é o que oferece maior possibilidade de acesso a essa verdade.
A dialética opõe-se ao dogmatismo, ao reducionismo, portanto é sempre aberta, inacabada, superando-se constantemente, pois todo pensamento dogmático é antidialético.
Enquanto instrumento de análise, enquanto método de apropriação do concreto, a dialética pode ser entendida como crítica dos pressupostos, crítica das ideologias e visões de mundo, crítica de dogmas e preconceitos. A tarefa da dialética é essencialmente crítica.
Por isso, há a necessidade de uma educação política. Consciência de classe significa domínio da teoria revolucionária e esta nasce da assimilação crítica das posições mais avançadas da cultura burguesa e da sua consequente superação. Por isso, o trabalhador precisa da escola.
A luta pela educação pública e gratuita ganhou o consenso. A introdução de novos métodos, de novas técnicas e de uma escola ativista, uma escola voltada para a vida, renovaram as esperanças de que a paz social e o desenvolvimento integral poderiam ser conduzidos pela escola.
A pedagogia tem necessidade muito mais de uma imagem do homem do que de um método. A educação sempre teve esse objetivo: formar o homem para assumir-se integralmente, portanto, autogovernar-se de governar.
Enquanto a pedagogia da essência é extremamente determinada, mecânica e a concepção existencialista é voluntária e pessimista, a pedagogia dialética da educação é social, científica, uma pedagogia voltada para a construção do homem coletivo, voltada para o futuro.
A pedagogia dialética, fundada no pensamento dialético, decididamente a questão da formação do homem como sendo uma tarefa social.
A concepção dialética entende que o desenvolvimento humano se dá pela interação de determinantes internos e externos, negando a existência de uma natureza a priori da criança que não seja a genérica natureza humana, susceptível de todos os desenvolvimentos.
A alfabetização não é a extensão da possibilidade de ler e escrever para todos, mas é possibilitar a todos o acesso ao mundo, poder construí-lo com liberdade. O sistema educacional e a educação só podem crescer, ao contrário, com liberdade.
Para Moacir Gadotti, Marx descobre que o homem não é algo definido, ele é um processo, ou seja, torna-se homem a partir de duas condições básicas em que ele produz-se a si mesmo e, ao fazê-lo, se determina como um ser em transformação, como o ser da práxis e esta realização só pode ter lugar na história através dos ideais pedagógicos que se sucedem de acordo com o processo dialético de Marx.
A divisão do trabalho conduz a diferentes interesses ocasionando diversos paradigmas. Marx e Engels apontam como consequência desta divisão a bifurcação do trabalho em que fica dada a possibilidade da realidade cabendo as pessoas diferentes e a possibilidade de não entrarem em contradição reside no fato de que a divisão do trabalho seja novamente superada.
O processo dialético adapta-se à realidade das ideias, não havendo uma única visão possível da realidade. O pensamento de Moacir Gadotti consiste na possibilidade de educar cidadãos críticos e reflexivos a partir da concepção dialética aplicada a educação, que se molda numa perspectiva única, tornando-se difícil a compreensão do modo que o educando se apoia numa filosofia dialética através do diálogo, levando-o a refletir criticamente sobre sua realidade, e deste modo vir a realizar o verdadeiro aprendizado.
Numa sociedade de classes, a educação tem uma função política de criar as condições necessárias à hegemonia da classe trabalhadora, implicando no direito de todos participarem efetivamente da condução da sociedade, de poder decidir sobre sua vida social.
As condições para hegemonia dos trabalhadores passam pela apropriação da capacidade de direção, pois a Educação é projeto e processo de transformação e de criação. A educação dialética é processo de formação e capacitação: apropriação das capacidades de organização e direção, fortalecimento da consciência de classes para intervir de modo criativo, de modo organizado na transformação estrutural da sociedade.
A educação dialética luta pela escola pública e gratuita. Uma escola de qualidade para o povo. Para assumir a hegemonia, a classe trabalhadora precisa unir-se de fundamentos de apropriação de conhecimentos, métodos e técnicas. Implica a apropriação crítica e sistemática de teorias, técnicas profissionais, métodos de aquisição, produção e divulgação do conhecimento: pesquisar, discutir, debater com argumentações precisas, utilizando os mais variados meios de expressão, comunicação e arte.
A Educação dialética enfatiza técnicas que propiciem o fazer coletivo, a capacidade de organização grupal, que permitem a reflexão crítica, que permitem ao educando posicionar-se como sujeito do conhecimento. Avalia a prática global, não apenas os conteúdos memorizados. O aluno é também sujeito da avaliação e esta serve para diagnosticar e evidenciar o que deve ser mudado.
Para a educação dialética a escola não deve ser uma sociedade ideal, pois ela não esconde o conflito social. A escola deve preparar, ao mesmo tempo, para a cooperação e para a luta de classes.
O professor dialético assume a direção e a intervenção da educação, devendo ser mediador do diálogo do aluno com o conhecimento, e não o seu obstáculo. O professor não se faz igual ao aluno, assume a diferença. Ao trabalho educativo caminha na direção do retrocesso gradativo dessa diferença. Dirigir é ter uma proposta clara do trabalho pedagógico.
A Educação dialética valoriza a seriedade na busca do conhecimento, a disciplina intelectual e o esforço. Busca resgatar o lúdico, valoriza o rigor científico que não é incompatível com os procedimentos democráticos, reconhece que o uso legítimo da autoridade do educador se faz em sintonia com a expressividade e a espontaneidade, valoriza a afetividade no encontro interpessoal.
CONCLUSÃO
Moacir Gadotti apresenta a educação como ponto forte de seu texto, pois que não se refere a educação que estamos vivenciando. Demonstra humildade, pois equipara as ideias que colocou com a educação, com certeza, desvalorizando muito o seu esforço; e demonstra o mau gosto, pois o peso que carrega a palavra educação dentro de uma visão deformadora dos seres humanos instrumentalizada de uma maquinaria que não visa a aproximação, mas a normalização.
O que se deseja é a construção de uma nova sociedade, que precisa ser ativa, que pode contar com locais para assimilar seus conhecimentos, seus anseios e medos, resplandecendo o que de humano há em nós, construindo um modelo onde o que se veja seja o reflexo humano e não as correntes de um sistema.
BIBLIOGRAFIA
Gadotti, Moacir. Concepção dialética da Educação: um estudo introdutório – 10ª edição – São Paulo: Editora Cortez, 1997.
Google, Wikipédia – Bibliografia.
RESENHA DE SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
CONCEPÇÃO DA DIALÉTICA DA EDUCAÇÃO
UM ESTUDO INTRODUTÓRIO
MOACIR GADOTTI
ALUNA: MÁRCIA HELENA PORCARO SALOMÃO
PROF°: INÁCIO FRADE
CURSO: PEDAGOGIA - 3° PERÍODO -
UEMG - UNIDADE LEOPOLDINA -
2013
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Trabalho no 2º Período - A contribuição da Psicanálise para a Educação - Freud e a Educação
A
contribuição da Psicanálise para a Educação
Freud e a
Educação
Por Maria Cristina Kupfer
Dora Marta de Oliveira
2ª Período
Apresentação
“Freud acalentava o sonho de que um dia a Psicanálise pudesse ser
colocada a serviço dasociedade como um todo e, principalmente, da
Educação.” (p. 7)“Sua filha Anna dedicou-se à pesquisa das bases psicanalíticas
para uma pedagogia. Supunhaque a Psicanálise poderia ser transmitida aos
professores enquanto saber teórico. Através de seus3
livros, muitos professores entraram em contato com aquilo que passou a
ser chamado dedesenvolvimento afetivo das crianças.” (p. 7)“A nós cabe a tarefa de compreender o trabalho de Freud enquanto mestre
e dele extrair, se possível, alguma inspiração para a prática do
dia-a-dia do professor.” (p. 8)“...pode-se dizer que Freud foi um mestre da
educação porque abriu caminho para a reflexãosobre o que é ensinar e o que é
aprender.” (p. 8)“Aquilo que Freud denominou de transferência pode ser
encontrado num contexto analítico,mas também na relação professor-aluno. É a
partir da análise dessa relação que se pode pensar noque faz um aluno aprender. O que o faz acreditar no professor,
permitindo que um ensino sejaeficaz.” (p. 8 – 9)
Introdução
“Extraídas as devidas conseqüências, essa afirmação sobre a
impossibilidade da Educação pode não ser necessariamente um niilismo, uma
declaração paralisante, nem uma constatação deque
a Educação é inútil. Pode, contudo, apontar sobretudo os limites da ação
educativa, fazendolembrar ao educador que seu instrumento de ação não é assim
tão poderoso como supunha.” (p.12)“As
idéias educacionais de Freud emergem em momentos precisos da articulação da
teoria psicanalítica que ele estava, aos poucos, construindo. Depois de
aportar, em determinado texto,na construção de um conceito psicanalítico, era
como se Freud parasse um instante para refletir sobre as conseqüências da
conceituação recém-nascida sobre o seu modo de pensar a cultura, asociedade e a
Educação. Punha-se a examinar, naquele conceito, o que era proveniente de uma
particularidade do funcionamento psíquico e o que era fruto direto das
influências educativasrecebidas pelo indivíduo.” (p. 13)4
“O começo é a história da vida de Freud, sobretudo no que diz respeito à
educação a que ele próprio foi submetido, uma vez que muitas de suas reflexões
terão como base a sua experiência pessoal de aluno.” (p. 13)
Uma vida magistral: Freud, aluno e mestre
“O fato é que, desde cedo, seus pais esperavam que se tornasse um grande
homem. Talexpectativa não deixou de ter conseqüências. A partir dela, Freud
desenvolveu, em alto grau, suaautoconfiança. Por ela, no entanto, precisou
lutar. Ao ser considerado como ser privilegiado, deleeram, por outro lado,
exigidas responsabilidades e o cumprimento tácito das amplas expectativasnele
depositadas.” (p. 17)“Nesse cômodo, Freud
trabalhou e viveu durante os anos de sua formação escolar. Ali passava a maior parte do tempo que ficava em
casa, fazendo muitas vezes as suas refeições lámesmo. Era um leitor infatigável – chegou a comprar mais livros do que
podia pagar, o que provocou a primeira briga séria entre seu pai e ele.”
(p. 18)“Por isso, provavelmente qualquer
escola lhe teria sido de grande utilidade, pois Freud játinha dentro de
si aquilo que escola alguma pode ensinar: o desejo de saber.” (p. 22)
Freud e seus mestres
“A idéia básica é a de que os professores herdam as inclinações
carinhosas ou agressivasantes dirigidas aos pais.” (p. 23)“Reencontrou, por assim dizer, um desejo que já o
habitava (...), mas que não podia liberar enquanto não admitisse para si
mesmo que ser o próprio mestre não significava ocupar o lugar do pai junto à
sua mãe.” (p. 28 – 29)
Freud, ele próprio um mestre
“Freud parecia sentir-se ameaçado por seus discípulos, e não foram
poucos aqueles comquem Freud rompeu por acreditar que estavam, com a introdução
de idéias novas, alterando oudesvirtuando a Psicanálise.” (p. 30)5
O final da história
“De
fato, os últimos anos de vida de Freud não foram fáceis, tendo tais anos
transcorrido sobo nazismo e os preparativos
da Segunda Guerra Mundial. A perseguição imposta aos judeus deViena não o poupou, embora seu nome brilhasse como
nenhum outro e sua fama já tivessecorrido o mundo. Por causa sobretudo
da perseguição Freud foi obrigado a deixar Viena, no anode 1938, quando estava com 82 anos de idade. Mudou-se então para
Londres, onde viveu seuúltimo ano de vida, morrendo em conseqüência do
câncer de boca.” (p. 32)
Os primórdios da teoria psicanalítica
“A
explicação primordial é a da defesa do eu contra uma idéia incompatível com
ele.” (p. 35)“... está presente o fenômeno
de divisão de consciência – diz-se que a idéia traumática éexpulsa da
consciência, mas se mantém registrada de algum modo no psiquismo
‘não-consciente’e, por isso, pode ser registrada através do tratamento que
Freud vinha criando.” (p. 35)“Ora, se as
idéias incompatíveis são quase sempre de natureza sexual, e se são julgadasinsuportáveis pelo eu, então o que há de
insuportável na sexualidade? A pergunta freudiana iráconduzi-lo, em seguida, à Educação, interrogando-a
sobre o seu papel na condenação dasexualidade.” (p. 36)
Sexualidade e Educação
“Ao
que tudo indica, é a moral, transmitida pela Educação, que incute no indivíduo
as noçõesde pecado e de vergonha que ele deve, necessariamente, ter diante das
práticas sexuais.” (p. 36)“Na época em que Freud ligava, simplesmente, doença
nervosa a moralidade – e, portanto, aeducação – era simples propor uma
profilaxia das neuroses por meio de um processo educativo.Bastaria recomendar uma redução da severidade
imposta pelos educadores às crianças. Mas, a partir do momento em que Freud
entende o rigor como algo necessário ao bom funcionamento psíquico, as
coisas se complicam. Restava, de qualquer modo, propor que a educação não
fizesse6
uso abusivo de sua autoridade. Porque, se a correção educativa passou a
ser, no entender deFreud, necessária, nem por isso precisava ser
excessiva.” (p. 37)“Como entender que uma das fontes principais de prazer no
ser humano possa ser, ao mesmotempo, desprazerosa?” (p. 38)“...é aí, no ponto preciso em que um paradoxo
sobre a condição humana faz um nó, quedeverá ancorar-se a afirmação de
Freud sobre a impossibilidade da Educação.” (p. 38)
Sexualidade infantil e Educação
“O aspecto central dessa montagem era a teoria do conflito psíquico
entre o eu e uma idéiaincompatível com suas exigências. Dessa primeira
conceituação resultou seu modo de entender a participação da Educação nesse
conflito, que desempenha um papel de co-autora.” (p. 38)“...por que razão a maioria de suas pacientes se referia a uma
experiência de seduçãoatribuída a um adulto, que teria ocorrido em algum
momento da infância da paciente? A princípio
podia-se pensar – e Freud pensou – que se tratava de experiências reais. Mas a
quantidade e aintensidade das referidas experiências fizeram-no desconfiar de
que se tratava, na verdade, defantasia.
Ora, se eram fantasias, então havia algo, na experiência infantil, responsável
pelaemergência de tais fantasias,
alguma coisa, obviamente, de natureza sexual – afinal, são relatosde
experiência de sedução.” (p. 39)
As pulsões parciais
“‘Com o vaso de cristal quebrado’, como diz Freud. No entanto, uma
observação acurada permite perceber, no formato especial de cada
pedaço, a estrutura característica do cristal inteiro.Os pedaços se quebram obedecendo às linhas de força determinadas pela
disposição singular,estrutural, das moléculas daquele vaso. Assim, Freud
mostra, através dessa metáfora, que muitose pode saber sobre a estrutura
psíquica, caso se estudem seus ‘desequilíbrios’, suas rupturas.” (p.40)“As perversões adultas resultariam da permanência
de uma dessas perversões parciaisinfantis,
que teria, de certa forma, se ‘recusado’ a cair sob o domínio da genitalidade.
O voyeur adulto, por exemplo, estaria fixado na primitiva curiosidade infantil
de contemplação de seu7
companheiro, com o agravante de não poder obter prazer de nenhuma outra
maneira que nãoessa.” (p. 40)“A cada um desses
aspectos perversos, presentes na sexualidade infantil, Freud chama de
pulsões parciais: pulsão oral, no caso do prazer de sucção; anal, no caso da
defecação; escópica,no caso do olhar.” (p. 40)“Disso se deduz que essas pulsões
parciais não têm ainda um objeto preciso ao qual se dirigir.Somente depois que
estiverem reunidas para conformar a genitalidade é que a criança buscará umobjeto sexual sobre o qual dirigir seu impulso.
Antes disso, cada pulsão poderá se ligar, nomáximo, ao prazer que possa vir a ser extraído do órgão a que estiver
vinculado – olho, no casoda contemplação; genital próprio, no caso da
masturbação; boca, no caso da sucção do polegar;ânus, no caso da
defecação. Mas será uma pulsão dirigida ao próprio corpo, que não buscará
umoutro corpo, como acontecerá por ocasião do desenvolvimento da genitalidade.”
(p. 41)“Eis aí o ponto que interessa ao educador. Por seu caráter maleável,
proveniente da ausênciade objeto e de seu caráter decomponível, a pulsão sexual
é passível de se dirigir a outros fins quenão os propriamente sexuais: é
passível de sublimação.” (p. 41 – 42)
A sublimação
“Uma pulsão é dita sublimada quando deriva para um alvo não-sexual. Além
disso, visa aobjetos socialmente valorizados.” (p. 42)“Caso o desenvolvimento da criança seja bem-sucedido, o que vai ocorrer
é um conjunto demovimentos: parte dessa pulsão será reprimida (a criança
deixará de manipular fezes), parte irácompor a sexualidade genital (estará
presente nas preliminares do ato sexual através do prazer anal) e parte será sublimada. Ou seja, poderá se
transformar, por exemplo, na atividade deesculpir em argila. Nesse último
movimento, não existe mais objeto sexual, mas apenas umobjeto dessexualizado, a argila. Há, contudo, uma
energia orientando a atividade, a libido, um prazer a ela
correspondente, cuja origem, ou apoio, é a antiga atividade de manipular fezes.Caso,
porém, o desenvolvimento da criança não ocorra de maneira satisfatória, a
repressão da pulsão poderá originar uma
neurose obsessiva, da qual uma das características pode ser a8
obsessão por limpeza. Nesse caso, Freud afirma que a pulsão anal seguiu
um outro destino,diferente do da sublimação: foi transformada em
seu contrário.” (p. 43)
Sublimação e educação
“Freud
deixa de ser identificado como pedagogo tradicional a partir do momento em que
(...) propõe a sua utilização, a sua canalização em direção aos valores
‘superiores’, ao bens culturais,de produção socialmente útil. ‘Sem perversão’,
diz ele, ‘não há sublimação’. E sem sublimação,não há cultura.” (p.
44)“...Freud escreve que os educadores precisam ser informados de que a
tentativa de supressãodas pulsões parciais
não só é inútil como pode gerar efeitos como a neurose. De posse dessainformação, os educadores poderão reduzir a
coerção, e dirigir de forma mais proveitosa aenergia que move tais pulsões. Um exemplo disso é a importância do educador
no processo detransformação da pulsão escópica – a pulsão ligada ao
olhar – em curiosidade intelectual – ver omundo, conhecer idéias –, sendo que
tal curiosidade desempenha um papel muito importante nodesenvolvimento do
desejo de saber.” (p. 44)“...o educador é
aquele que deve buscar, para seu educando, o justo equilíbrio entre o prazer individual
– vale dizer, o prazer inerente à ação das pulsões sexuais – e as necessidades
sociais – vale dizer, a repressão e a sublimação dessas pulsões.” (p. 45 – 46)
A educação sexual das crianças
“...as
crianças devem receber educação sexual assim que demonstrarem algum interesse
pelaquestão. Essa resposta é uma decorrência
natural do fato de entender que, se já existe naexperiência da criança
algo de natureza sexual, não há por que negar a ela as informações atravésdas
quais poderá dominar, intelectualmente, o que já é conhecido no plano da
vivência.” (p. 46)“Por que, pergunta ele, é tão comum esconder, com fábulas
como a da cegonha, a verdadeirahistória sobre a origem da criança? Teme-se,
talvez – e erradamente –, responde ele, despertar demodo precoce uma
sexualidade que só devia se apresentar na puberdade.” (p. 47)9
“Não haveria, assim, razão para informar de modo sistemático, como uma
espécie de ‘ato pedagógico programado’, pois se acabaria esbarrando, uma vez
mais, no inconsciente. Resta,contudo, uma ética da verdade, um convite aos
educadores para jamais esconder, caso isso lhesseja possível, isso é, caso sua
própria ‘posição inconsciente’ não os impeça, a verdade sobre asexualidade.”
(p. 50)
O inconsciente
“Através
dos atos falhos, fiz Freud, um homem pode revelar seus mais íntimos segredos,
‘e,se aparecem com facilidade e freqüência especiais em indivíduos sãos, que
conseguiram realizar com êxito a repressão
de suas tendências inconscientes, isso se deve à futilidade, à aparênciainsignificante
com que surgem’. O eu os deixa passar, pois sabe que a essa ocorrência não é
dadamuita importância.” (p. 52)“O que Freud nos apresenta é a idéia de que não
somos ‘senhores em nossa própria casa’,e
acrescenta mais uma ‘ferida narcísica’ àquelas anteriormente trazidas por
Copérnico e por Darwin: a Terra não é o centro do sistema solar, o homem não é
o centro da criação. Agora, aconsciência não é o centro de nosso psiquismo, não
reina soberana sobre a nossa vontade.” (p.52)
Pulsão de morte
“Se o fim é (...) o prazer, então por que razão as pessoas
corriqueiramente não se jogam emfogueiras para se aquecer? Naturalmente, porque
ao princípio do prazer opõe-se o princípio darealidade, que regula, administra
e dirige a busca do prazer, já que essa busca costuma ser cega.O
princípio da realidade funciona como uma ligação do indivíduo com a realidade e
seus perigos.Limita a atividade puramente pulsional, não permite que o indivíduo
se destrua, pondera com elesobre os melhores
meios de obtenção do prazer, considerando as limitações que a realidade lheimpõe.”
(p. 54)“Do lado das pulsões de autoconservação, ou pulsões do eu, ficam as
funções indispensáveisà conservação do
indivíduo. Do lado das pulsões sexuais, ficam aquelas que, originadas nas
pulsões do eu, delas se destacam, como é o caso da pulsão oral, que não busca
mais o alimento10
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Sumário
1 – Apresentação
2 – Introdução
3 – Freud pensa na Educação
4 – Sexualidade Infantil
5 – As pulsões parciais
6 – Sublimação e Educação
7 – A desilusão de Freud com a
Educação
8 – O inconsciente
9 – Consequencias para o
pensamento de um Educador
10 – A aprendizagem segundo
Freud
11 – Poder e Desejo – A
transferência na relação professor – aluno
12 – O professor no lugar de
transferência
13 – A Era Pós-Freudiana
14 – As Influências da Psicanálise na Educação Brasileira
no Início do Século XX
15 –A contribuição da
Psicanálise na Educação
16 – De outro lado
17 – Conclusão
18 – Referências Bibliográficas
Apresentação
FREUD
EXPLICA! Quem nunca disse, ou ouviu, alguma vez a
frase, é por que certamente viveuantes de 1856, ano em que nasceu Sigmund
Freud, o pai da psicanálise. Esse termo éempregado nas situações em que não
conseguimos achar uma explicação para ocomportamento de alguém. Explicar um
tipo de comportamento é, claramente, coisa fácil para ogrande analista.
Entretanto, o próprio mestre é sempre tido, num primeiro momento, como um ser
complicado, envolto em uma névoa de mistério e sexualidade.
Neste sentido, a obra“Freud e a Educação – O mestre do
Impossível de Maria Cristina Kupfer, em
textoindicado pela professora Shirley da disciplina Psicologia da Educação,
facilitou a elaboração do presente trabalho.
Por oportuno, procurei respostas ou reflexões às
indagações pessoais, sobre o papel da Pedagogia, da Educação x Psicanálise
fazendo pesquisas em bibliografia de outros autores. Com o foco no paradoxo que
Freud e os saberes transmitidospelo
aporte teórico da psicanálise, levantam pela impossibilidade da Educação o qual
instauram, fundamentalmente, a concepção de sujeito do inconsciente no campo do
conhecimento educativo. O encontro com a psicanálise revela que há impossibilidades
em se estabelecer garantias, a priori, para a ocorrência da educação. A
pedagogia, por sua vez, resiste à aceitação dessa impossibilidade.
Introdução
“Extraídas as devidas consequências, essa afirmação sobre
a impossibilidade da Educação pode não ser necessariamente um niilismo, uma
declaração paralisante, nem uma constatação deque a Educação é inútil. Pode,
contudo, apontar sobretudo os limites da ação educativa, fazendolembrar ao
educador que seu instrumento de ação não é assim tão poderoso como supunha“.
A obra“Freud e a Educação – O mestre do Impossível ”,
de Maria Cristina Kupfer, é dividida em três partes principais, que serão
abordadas neste trabalho, principalmente no que se refere à Educação.
Num primeiro momento, a autora relata a história de vida
de Freud, começando com sua infância. Kupfer nos apresenta a outros estudiosos
que tentaram seguir as ideias freudianas, dentre essesaté mesmo sua filha Anna
Freud. A tentativa de criação de uma pedagogia analítica cai por terra,mas nem
assim deixa de ser importante para os educadores aprenderem mais sobre as suas
teoriasdo desenvolvimento da criança. Afinal de contas, tudo que possa vir a
ter relação com crianças, eao modo como elas se comportam e sentem, é de grande
interesse aos pedagogos. Na última parte, somos apresentados ao pensamento de
Freud sobre aprendizagem.
Segundo
Kupfer, entre as obras completas de Freud, menos de 200 páginas são dedicadas
às reflexões, análises e críticas sobre a educação. Estas páginas estão
dispersas ao longo de sua obra em textos que tratam de diferentes questões.
Essa dispersão não indica um descaso de Freud, mas, ao contrário, a educação o
acompanhou por toda a extensão da sua obra. Shared
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E finalmente, destaco a trajetória da psicanálise
no Brasil.
Freud
pensa na Educação
No final do século XIX, predominavam as explicações
orgânicas e psiquiátricas para doenças como as esquizofrenias, as psicoses e a
histeria. Os tratamentos eram: eletroterapia, banhos, massagens, hidroterapia,
internação e hipnose. Pouco sabiam a respeito de suas causas.
A histeria é que lhe chama a atenção pelo grande número
de pacientes que o procuram com vários sintomas: vômitos, alucinações visuais,
contrações, paralisias parciais, perturbação de visão, ataques nervosos e
convulsões. Freud queria observar, analisar e encontrar as origens daquilo.
No caso da histeria, a ideia incompatível é expulsa pelo
“eu” e tornada inócua por sua transformação somática. Freud chama isso de
conversão.
Se as ideias incompatíveis são quase sempre de natureza
sexual, então, o que há de insuportável na sexualidade? Esta dúvida conduziu-o
à Educação para averiguar qual o seu papel na condenação da sexualidade, e daí
a descoberta da sexualidade infantil.
É obvio que a moral transmitida pela Educação incute no
indivíduo, noções de pecado e vergonha que ele deve ter diante das práticas
sexuais.
Freud
chegou mesmo a pensar assim nos primeiros anos de sua prática clínica. No
entanto, a noção de um recalque operado já num plano intrapsíquico ( o eu como
agente do recalque) fê-lo pensar em 1896, de modo diferente. Há no interior da
própria sexualidade um desprazer . Freud
diz que em nome da própria sobrevivência individual e grupal que o eu opera o recalque
da sexualidade, que não deixa de estar presente e ser necessário a todo
aparelho psíquico.
Na
época em que Freud ligava, simplesmente, doença nervosa a moralidade, e
portanto, a educação era simples propor a prevenção das neuroses por meio de um
processo educativo. Bastaria recomendar uma redução da severidade imposta pelos
educadores às crianças. Mas a partir do
momento em que Freud entende o rigor como algo necessário ao bom funcionamento
psíquico as coisas se complicam. Acabava
por propor que a educação não fizesse uso abusivo de sua autoridade porque a
correção educativa, embora necessária, nem por isso precisava ser excessiva.
Merece
destaque a ideia do desprazer inerente à sexualidade, móvel da ação recalcadora
do eu. Como entender que uma das fontes principais de prazer no ser humano
possa ser, ao mesmo tempo, desprazerosa?
O mal-estar de Freud diante da questão do desprazer é especulatório, mas
ilustra-se que a resposta esteja na aurora da humanidade, o que ele chama de
desprazer originário.
De todo
modo, para o resgate das ideias de Freud sobre educação, essa questão tem uma
importância especial. Pois é aí no ponto preciso em que um paradoxo sobre a
condição humana faz um nó, que deverá ancorar-se a afirmação de Freud sobre a
impossibilidade da Educação.
Sexualidade
Infantil de Educação
O aspecto central
da primeira teoria dos estudos dedicados à histeria era a teoria do conflito
psíquico entre o eu e uma ideia incompatível com suas exigências. Dessa
primeira conceituação resultou seu modo de entender a participação da Educação
nesse conflito, que desempenha um papel de co-autora.
As novas investigações de Freud levam-no à
descoberta da sexualidade infantil, trazendo novas consequencias para as
questões da Educação.
Freud percebeu em experiências com pacientes histéricas fantasias, onde
a maioria de suas pacientes se referia a uma experiência de sedução atribuida a
um adulto, que teria ocorrido em algum momento da infância do paciente,
experiências de sedução, de natureza sexual.
A tese de que a sexualidade humana só
constitui no decorrer da puberdade, ocasião em que o organismo se torna apto
para procriar, devia, portanto ser revista.
Dessa
revisão, resulta um trabalho escrito por Freud em 1905: Três ensaios para uma
teoria sexual. Um deles se chama justamente “A sexualidade infantil”. Ali Freud
trata de uma questão capital para a Educação, ao mostrar que o impulso sexual
humano – a pulsão sexual – pode ser decomposta em pulsões parciais.
Freud
dedicará grande parte de sua obra ao estudo das pulsões e do jogo entre elas,
pois acreditava ser esse o jogo determinante da própria constituição do
psiquismo.
As
pulsões parciais
De acordo com Kupfer, Freud descobre
que, durante a constituição sexual dos seres humanos, há práticas de natureza
perversa que, mais tarde, não resistirá à repressão, pois terá que se submeter
ao domínio das práticas genitais com o objetivo da procriação. Têm-se como
exemplos as práticas perversas: exibicionismo, curiosidade relacionada aos
órgãos genitais, prazer de sucção, prazer ligado a defecação, entre outros.
Nesse caso, a pulsão sexual é
capaz de dirigir-se por caminhos socialmente úteis, ou seja, é passível de
sublimação, tendo a educação um papel primordial neste processo. Com isso,
torna possível que o individuo se volte para atividades socialmente aceitáveis
e valorizáveis, sendo elas: a produção científica, artística e todas aquelas
que promovem uma qualidade de vida aos seres humanos.
Desse modo, de acordo com Kupfer, para
Freud, a origem propulsora do desenvolvimento intelectual é sexual. A pulsão
poderá ser sublimada em pulsão de saber. No entanto, Freud nunca se preocupou
em construir métodos educativos ou técnicas. Esperava que os próprios
educadores, tomando conhecimento das teorias psicanalíticas, se encarregassem
disso. Assim, Kupfer (1989) exemplifica: o educador, orientado
psicanaliticamente, poderia oferecer argila a uma criança que manipulasse suas
fezes em vez de agir com fúria e recriminação, ameaçando esta criança com
castigos.
As pulsões parciais possuem caráter errático; o objeto
pelo qual se satisfaz é indiferente e intercambiável, logo pode se enveredar
por caminhos socialmente úteis. É passível de sublimação e para Freud a
Educação terá papel primordial nesse processo.Eis aí o ponto que interessa ao
educador.
Sublimação
e Educação
Uma pulsão é dita sublimada quando se dirige a um alvo
não-sexual visando objetos socialmente valorizados. Nessa busca de um objeto
pode haver uma dessexualização, pois a energia (libido) continua a ser sexual,
mas o objeto não o é mais. A antiga ânsia sexual ainda se faz presente, só que
de um modo mais brando, justificando a busca daquela atividade sublimada.
As bases necessárias à sublimação são fornecidas pelas
pulsões sexuais parciais e claramente perversas. Uma ação educativa que
“atacasse” essas pulsões, não só fracassaria, mas também faria desaparecer a
fonte de um “bem” e que “a tentativa de supressão das pulsões parciais não só é
inútil como pode gerar efeitos como a neurose”.
Pode ser
identificado como o pedagogo clássico que via na criança um mal originário,
diferente de Rousseau que afirmava a existência de um bem natural, depois
subvertido pela cultura. Deixa de ser identificado como pedagogo tradicional a
partir do momento que não preconiza o desenraizamento do “mal”, mas propõe sua
utilização, e direção aos valores superiores, aos bens culturais, de produção
socialmente útil. Dizia Freud que sem perversão não há sublimação e sem sublimação
não há cultura.
Resta, então, dirigir de forma mais proveitosa a energia
que move tais pulsões, transformando, por exemplo, a pulsão escópica em
curiosidade intelectual, desempenhando papel muito importante no
desenvolvimento do desejo de saber. Freud esperava que os próprios educadores
construíssem seu método e criassem modos de operação.
É
na medida em que propicia sublimação, como já se disse, que a Educação tem,
para Freud um papel importante.
Freud afirma que a hostilidade da civilização,
representada por uma educação repressora, é semelhante à defesa que o eu
levanta contra a pulsão sexual produzindo a neurose. Também a Educação exagera
e produz efeitos semelhantes. Freud chega a afirmar qe há uma vocação da
humanidade para a neurose. Freud
continua a martelar uma desconfiança, referida numa pergunta que nunca o
abandonou: Porque, do ponto de vista histórico, a Educação sempre foi tão
repressora?
Reich e Marcuse dão explicações políticas e afirmam que a
repressão sexual é uma das armas de que se serve a opressão política a fim de
garantir a submissão das massas.
Millot conclui que as classes sociais no poder fazem uso,
em benefício próprio, da repressão já instalada por outros meios, pois há a
possibilidade de a sublimação vir a ser operada, controlada, de fora, já que
não é, na verdade, um mecanismo ao alcance da consciência.
Freud declara o seguinte: o educador é aquele que deve
buscar, para seu educando, o justo equilíbrio entre o prazer individual e as
necessidades sociais.
A desilusão
de Freud com a Educação
Por que Freud afirmou que “a Educação é impossível?”Todas
as suas ideias, sobre a Educação, inspiradas pela Psicanálise foram por ele
mesmo questionadas:
·
O
educador deve promover a sublimação, mas sublimação não se promove por ser
inconsciente.
·
O
educador deve esclarecer as crianças a respeito da sexualidade, se bem que elas
não darão ouvidos.
·
O
educador deve se reconciliar com a criança que há dentro dele, mas é uma pena
que ele tenha se esquecido de como é esta criança.
·
E a
conclusão: “A Educação é uma profissão impossível”.
O
inconsciente
Observamos que é com a ideia de inconsciente que
esbarramos o tempo todo. Charcot, observando as pacientes histéricas, dizia que
havia uma divisão da consciência devida a uma debilidade congênita de algumas
mulheres. Para Freud, que aceitou essa explicação, a divisão da consciência era
fruto de forças psíquicas encontradas no interior do psiquismo, o resultado da
luta entre o “eu” e os impulsos de natureza inconsciente. O aparecimento do
sintoma neurótico era o modo como se resolvia o conflito, pois esse era o
disfarce que a pulsão se manifestava. Além dos sintomas, Freud descobriu outras
manifestações ao lado dos sintomas como os sonhos e os atos falhos.
Os atos falhos (lapsos) são pequenas manifestações que
emergem em nossa fala, sem que nos demos conta e que pode revelar nossos mais
íntimos segredos. Alguém que fala pode expressar muito mais do que está
querendo dizer.
Com essa descoberta a consciência foi desalojada da
posição de comando que vinha ocupando até então na Filosofia. A consciência não
é mais o centro do nosso psiquismo, não reina sobre a nossa vontade.
O aparelho psíquico se organiza sempre de modo a obter
prazer e bem-estar, ou então, no caso do sintoma, para obter o desprazer menor.
A busca do prazer costuma ser cega e é por isso que ao princípio do prazer
opõe-se o princípio da realidade, que regula, administra e dirige essa busca,
funcionando como uma ligação do indivíduo com a realidade e seus perigos. É o
princípio da realidade que não permite que o indivíduo se destrua achando os
melhores meios para a obtenção do prazer considerando as limitações impostas
pela realidade.
Há sempre um conflito entre o “eu” dirigido pelo
princípio da realidade (pulsões de conservação) e de idéias incompatíveis
dirigidas pelo princípio do prazer (pulsões sexuais).
Freud supôs que o desprazer emanava do conflito entre as
forças em oposição_as pulsões sexuais versus as pulsões de autoconservação.
Entretanto, há algo no psiquismo que escapa ao princípio
do prazer: a repetição (o neurótico repete sem cansar, atos que lhe causam
sofrimento) e Freud não conseguia entender como o indivíduo conseguia encontrar
prazer em seu permanente exercício. Entreviu a ação de uma força irreprimível,
independente do princípio de prazer e oposta a ele, sem contudo, ser aliada ao
princípio de realidade. Essa força tem um caráter mortal barrando o caminho ao
desenvolvimento porque a ação da repetição fixa, torna as coisas permanentes e
imutáveis, mostrando a Freud a “face da morte” em plena ação entre as forças
que atuam sobre a vida de um indivíduo.
Freud afirma existir em todo ser vivo uma tendência para
retornar ao estado inorgânico, pois a vida surgiu do não-vivo.
É tão grande a importância desse novo conceito que Freud
é levado a formular a dualidade pulsional em novas bases. A luta no interior do
psiquismo não se dá mais entre as pulsões do “eu” e as pulsões sexuais. Freud
reúne ambas de um só lado, pois elas agem a serviço da vida, de Eros,
interessadas na conservação da espécie. Seu inimigo é a pulsão de morte,
interessada em conduzir o indivíduo à estabilidade, onde nada se movimenta, a
matéria está inerte _ como a morte.
Conseqüências
para o pensamento de um educador
Como criar um sistema pedagógico partindo de tais
afirmações? As realidades do inconsciente e da pulsão da morte não casam bem
com a promoção de bem-estar e de felicidade próprios da educação. Contudo, o
que não pode ser esquecido é a ideia de que tais forças, presentes no interior
do psiquismo, escapam ao controle dos seres humanos e, portanto, ao controle do
educador. Poderíamos dizer, então, que a tarefa de educar se vê dificultada
pela ação do inconsciente? Por que Freud afirmou que a Educação, a Política e a
Psicanálise são tarefas impossíveis?
A Educação exerce seu poder através da palavra. Seu
discurso, dirigido à consciência tenta estimular os indivíduos a se conduzirem
em uma direção por ela mesma determinada. Da palavra extrai seu poder de convencimento
e de submissão do ouvinte a ela.
No entanto, a realidade do inconsciente ensina que a
palavra escapa ao falante. Ao falar, um político e um educador poderá se perder
e revelar-se indo em uma direção contrária àquela que seu “eu” havia
determinado.
Ensina a Psicanálise que a palavra é ao mesmo tempo lugar
de poder e submissão, de força e de fraqueza, de controle e de descontrole.
Com, então, educar sobre uma base paradoxal? É que, para Freud, o domínio, a
direção e o controle, que estão na base de qualquer sistema pedagógico, jamais
poderão ser integralmente alcançados.
Freud termina aqui com uma conclusão decepcionante: a
Psicanálise não serve de fundamento para a Pedagogia; não pode servir como
princípio organizador de um sistema ou de uma metodologia educacional.
Haverá, então, outro modo de a Psicanálise contribuir
para um educador?
A
Aprendizagem segundo Freud
O que poderia ser, para Freud, o fenômeno da
aprendizagem? Sobre isso, não vamos encontrar nenhum texto escrito por ele,
pois suas preocupações eram predominantemente clínicas, interessado que estava,
em livrar as pessoas do peso das neuroses.
Entretanto, por sua própria posição frente ao
conhecimento, pensava nos determinantes psíquicos que levam alguém a ser
“desejante de saber”. O processo da aprendizagem depende da razão que motiva a
busca de conhecimento.
A criança que pergunta tanto está realmente interessada
em saber como nascemos e por que morremos, de onde viemos e para onde vamos.
Para Freud, um momento capital e decisivo na vida do ser
humano é o momento da descoberta daquilo que ele chama de diferença sexual
anatômica, quando descobrem que o mundo é composto de homens e mulheres; em
seres com pênis e seres sem pênis. Sentem que algo está faltando para alguém.
Alguém perdeu algo, assim como já havia perdido o seio, as fezes, etc. A
descoberta da diferença sexual anatômica não depende de sua observação, mas da
passagem pelo Complexo de Édipo quando a menina se define como mulher e o
menino como homem.
A essa angústia Freud chamou de angústia de castração. É
isso que faz a criança querer saber. As primeiras investigações são sempre
sexuais, segundo Freud, porque a criança quer definir seu lugar no mundo, e
esse lugar é um lugar sexual.
Esse lugar sexual é situado em relação aos pais, ao que
eles esperam do filho, ao seu desejo. Por que ele foi posto no mundo?
Ao final da época do conflito edipiano parte da
investigação cai sob o domínio da repressão e a outra parte “sublima-se” em
“pulsão” de saber, associada a “pulsões de domínio” e a “pulsões de ver”.
Isso significa que o desejo de saber associa-se com o
dominar, o ver e o sublimar.
Para Freud, as investigações sexuais são reprimidas e não
é a Educação a maior responsável por isto. As crianças deixam de lado as
questões sexuais por uma necessidade própria e inerente à sua constituição. Não
por ser “feio”, mas porque precisam renunciar a um saber sobre a sexualidade,
para daí proceder a um deslocamento dos interesses sexuais para os não sexuais,
desviando para isso, a energia concentrada. Não deixam de perguntar porque a
força de pulsão continua estimulando estas crianças. Perguntam sobre outras
coisas para poder continuar pensando em questões fundamentais.
Freud diz ainda que essa investigação sexual sublimada se
associa com a pulsão de domínio e aí ele localizou a pulsão de morte. Saber
associa-se com dominar. A investigação sexual sublimada relaciona-se, também,
com o ver. O visual não é um elemento secundário nas pulsões sexuais. Na
constituição da sexualidade um elemento central é a fantasia da cena primária
ou cena de relação sexual entre os pais, na qual ela, a cena, é o objeto de uma
visão imaginada pelo sujeito, chegando à fantasia de se imaginar um dos seus
personagens.
Essa pulsão sublimada transforma-se em pulsão de domínio,
em “pulsão de saber”. Transforma-se em curiosidade dirigida a outros objetos,
de modo geral.
É importante ressaltar a filiação da curiosidade
intelectual à curiosidade sexual, à imagem fantasiada da cena primária.
Pode-se dizer que, para Freud, a mola propulsora do
desenvolvimento intelectual é sexual.
Entretanto, a criança não aprende sozinha. É preciso que
haja um professor para que o aprendizado se realize. O ato de ensinar pressupõe
uma relação com outra pessoa, a que ensina. Aprender é aprender com alguém.
Não importa o conteúdo ensinado (se é completamente
verdadeiro ou não), o aluno acredita no professor. E de onde eles extraem esse
poder de convencimento, a sua credibilidade?
Graças a isso o professor está revestido de uma
importância especial e graças a ela, tem grande influência sobre os alunos.
No decorrer do período de latência, são os professores
que tomarão o lugar dos pais, e em particular, do pai, e assim, herdarão os
sentimentos que a criança dirigia a esse último, por ocasião do complexo de
Édipo.
A ênfase freudiana está concentrada nas relações afetivas
entre professores e alunos, relações que antes eram dirigidas ao pai.
Posteriormente o próprio Freud declara que a palavra afeto deixa de ter tanta
importância.
É por isso que dizemos que, na perspectiva psicanalítica
não se focalizam os conteúdos, mas o campo que estabelece as condições para
aprender. Em Psicanálise, dá-se a esse campo o nome de transferência.
Poder e
Desejo – A transferência na relação professor-aluno.
A palavra transferência foi mencionada, por Freud, pela
primeira vez no seu livro A Interpretação dos Sonhos. Explicava que os
acontecimentos do dia eram transferidos para o sonho, onde apareciam
modificados. Percebeu, em seguida que o paciente transferia para o analista,
antigas vivências com outras pessoas, relacionando-se com ele como se fosse o
pai, com medo de sua autoridade. Porém, em momento algum o paciente percebia o
que estava acontecendo. Era uma manifestação inconsciente que passou a ser um
bom instrumento de análise desse inconsciente.
Freud chega a afirmar que ela está presente, também na
relação professor-aluno e o que se transfere são as experiências primitivas com
os pais.
Transferir é então atribuir um sentido especial àquela
figura determinada pelo desejo, que pode ser o analista ou o professor, e que
passam a ser depositários de algo que pertence ao analisando ou ao aluno e
passam a fazer parte de seu cenário inconsciente. Sua fala é escutada através
dessa especial posição que ocupam. Em virtude dessa posse, estas figuras ficam
carregadas de importância especial e é daí que emana o poder que eles têm sobre
o indivíduo.
Assim, em razão dessa transferência de sentido operada
pelo desejo, ocorre também a transferência de poder.
.O professor no lugar de transferência.
A História mostra que a tentação de abusar do poder é
muito grande. O professor pode subjugar o aluno e impor-lhe seus próprios
valores e ideias, ou seja, impor-lhe seu próprio desejo e fazendo-o sobrepor-se
àquele que movia seu aluno a colocá-lo em destaque. Daí cessa o poder desejante
do aluno e ele poderá aprender conteúdos, gravar informações, espelhar
fielmente o conhecimento do professor, mas não sairá desta relação como sujeito
pensante.
Poderia o mestre anular seu desejo se é este que o
impulsiona para a função de mestre? O jogo é complicado, pois só o desejo do
professor justifica o fato de ele estar ali; e, estando ali precisa renunciar a
este desejo.
Eis aí porque se apóia a ideia de que a Educação é
impossível.
A Era
Pós-freudiana
Já
foi esclarecido por muitos estudiosos que a Psicanálise, momento algum durante
sua criação, teve intenção de elaborar teorias para e educação, no entanto, ao
longo da história, as ideias de Freud acabaram se aproximando em diversos
pontos com os aspectos educacionais.
Porém, no início do século XX, o pastor Oskar
Pfister reconheceu a importância da Psicanálise pra a Educação, de forma
pioneira e Hans Zulliger, 1966, tentaram a criação de uma disciplina, a
Pedagogia Psicanalítica.
Outra tentativa foi a
transmissão da teoria psicanalítica a pais e professores. Ana Freud foi a
principal representante desse grupo.
Abrindo um parênteses,
para realçar queZulliger utilizava de Testes ou Técnica, que se trata de um
instrumento de avaliação da personalidade que tem como base o psicodiagnóstico
coletivo ou individualmente, Tal constatação reforça o interesse para o uso de
instrumentos projetivos no âmbito empresarial,
ou teste individual que integra
diversos aspectos da personalidade, com base tanto nos preceitos da
psicometria, como nos da projeção, o que permite uma investigação mais completa
do universo psíquico do examinando, tão solicitada no campo empresarial .
Retornando
à temática da Psicanálise da Educação, com o passar dos anos e com a evolução
dos estudos, vários estudiosos chegaram à conclusão de que seria impossível
elaboraruma metodologia educacional com as bases psicanalíticas, ou seja, não
seria possível se ter o que tentou se chamar de Pedagogia Analítica, como
concluiu Millot em seu livro "Freud Antipedagogo".
Porém,
esses mesmos estudos perceberam que o pedagogo poderia fazer da psicanálise uma
ferramenta para auxiliar seu trabalho dentro das mais diversas áreas
educacionais. Chegou se essa conclusão ao se perceber que as ideias
psicanalíticas estudavam a criança, sua formação enquanto individuo social e a
subjetividade, de um modo geral, por esse motivo surgia uma aproximação da
Psicanálise com a educação, que é a responsável pelo trabalho com o
desenvolvimento da criança.
A
Educação não consiste apenas de receitas já formuladas. Existem valores, moral,
proibições, além de saberes já planejados que devem ser trabalhados durante
todo o processo de educacional. Os educadores são responsáveis por construir,
em seus educandos, conhecimentos sobre as relações sociais cotidianos. Aspectos
da relação professor-aluno como os citados acima, nos levam a pensar que a
Psicanálise tem um papel fundamental no processo educativo.
Muitas
vezes os cursos de formação de pedagogos se preocupam demais em métodos de
ensino, mas esquecem de preparar esse profissional para alguns aspectos da sua
filosofia de trabalho, isto é, é preciso perceber que o pedagogo tem a função
de ocupar uma posição de "Ideial-do-Eu" (Kupfer, 1999), de modelo
para criança.
A
educação, dentro de um viés psicanalítico, pode ser em si mesma repressiva e
violenta, visando adaptar a criança ao que é aceito socialmente (Millot, 2001).
Contudo, esse processo educativo, que muitas das vezes é de encargo do
pedagogo, não precisa ser abusiva nesse processo de adaptação e o educador
preparado, para propiciar uma socialização saudável para a criança. A relação
professor-aluno pode ser um aspecto fundamental dento do processo de
aprendizagem. Segundo Freud (1914), o professor só será ouvido se estiver
revestido, por seu aluno, com uma importância. Assim, a aprendizagem não está
alicerçada nos conteúdos, mas sim na relação que estabelece entre o professor e
seus aluno, logo isso pode favorecer ou não o processo de aprendizagem,
independente dos conteúdos (Kupfer, 2007).
As Influências da Psicanálise na
Educação Brasileira no Início do Século XX
A
psicanálise, enquanto fundamento teórico e prático forneceu elementos que
contribuíram para a sustentação dos pressupostos filosóficos da “Escola Nova”,
que surgiu, a partir da década de 1920, como alternativa ao ensino tradicional.
Durante a primeira metade do
século XX, existiu uma estreita relação entre educação e psicanálise no Brasil.
Esta forte presença da psicanálise no discurso pedagógico brasileiro deveu-se a
uma série de fatores, alguns inerentes à própria psicanálise e outros relativos
à educação brasileira.
No que concerne à psicanálise, devemos considerar que as iniciativas de
aproximação com a educação foi um tema amplamente debatido na Europa desde a
década de 1910, ao se acreditar que uma educação guiada por princípios
psicanalíticos favoreceria o desenvolvimento de uma personalidade saudável e
evitaria o surgimento de sintomas neuróticos na vida adulta.
Além disso, a
psicanálise, ou mais especificamente o ramo da ciência psicanalítica dedicada à
psicanálise de crianças, encontrou na educação sua primeira via de inserção no
país, haja vista que as condições para o surgimento de um trabalho de cunho
estritamente psicoterápico ainda não existia.
A psicanálise foi tomada, no meio educacional brasileiro, como um
instrumento prático destinado a promover o ajustamento do aluno na escola e não
como um recurso para a compreensão da subjetividade da criança.
Uma importante
oscilação entre os trabalhos da primeira metade do século XX e aqueles
encontrados na atualidade diz respeito à forma de intervenção no meio
educacional, que passou a considerar a importância do aspecto relacional entre
aluno e professor, a contemplar a noção de infantil.
A implantação
das ideias psicanalíticas no Brasil se constituiu também no substrato que
conduziu a significativas modificações no modelo educacional vigente no país
até então, fazendo com que a educação tradicional fosse perdendo espaço para
uma nova filosofia educacional fundada no pensamento liberal, qual seja, a
“Escola Nova” forjada no ideário liberal, a “Escola Nova”, ou “Escola
Progressista”, como também ficou conhecida, surge no cenário educacional do
país como uma opção ou mesmo como uma oposição ao ensino tradicional em vigor
até então.
Provavelmente, a
semelhança mais relevante para o presente estudo é a distinção estabelecida
entre criança-problema e criança deficiente, que na pedagogia tradicional eram
classificadas sob um único rótulo: o de criança anormal.
Entre os teóricos nacionais que empunharam a bandeira da “Escola
Nova”, figura com grande destaque o nome de Anísio Teixeira que, após estudar
com o filósofo John Dewey (1858-1952) nos Estados Unidos, trouxe para o Brasil
suas ideias sobre esta nova filosofia educacional, implantando-as no ensino
municipal do Rio de Janeiro na década de 1930, o que ficou conhecido como
“Reforma Anísio Teixeira”.
Os profissionais
que exerciam as atividades que foram regulamentadas, em 1962, como atribuições
do psicólogo eram denominados de psicologistas quando exerciam atividades de
aplicação de teste, ou visitadoras psiquiátricas, ao desempenharem atribuições
como visitas domiciliares ou escolares.
É no bojo desta
concepção que encontramos espaço para o surgimento
da psicanálise de crianças associada à higiene mental, prática
esta que, em anos subseqüentes, serviu de esteio para o surgimento da análise
de crianças propriamente dita.
A etapa
aqui descrita marca o início de um período de transição na história da
psicanálise de crianças no Brasil. Deixando para trás uma fase, na qual a
psicanálise de crianças encontrava espaço social e científico apenas na
retórica, com a difusão de informações sobre educação infantil, este período
inaugura uma nova forma de compreender a psicanálise e sua aplicação à criança,
através da inclusão de preceitos psicanalíticos na assistência ao escolar
deficitário.
A natureza do atendimento
oferecido às crianças-problema pelas clínicas de orientação infantil, apesar de
migrar do campo da retórica para a prática, ainda não atribuía à psicanálise de
crianças o estatuto de um sistema terapêutico aplicado ao tratamento dos
distúrbios emocionais da infância, à semelhança da análise de adultos, uma vez
que sua intervenção tinha uma finalidade de caráter profilático e apenas
secundariamente assumia funções terapêuticas.
Devemos
ressaltar, no entanto, a conotação com que o termo profilático é empregado
neste contexto histórico.
Não se
trata unicamente de atribuir aos pais e professores a função precípua de
agentes profiláticos de futuras manifestações de doença mental, por intermédio
de uma educação infantil guiada por princípios psicanalíticos, embora esta
função pudesse advir secundariamente. O foco principal para o qual foram
direcionados os esforços dos profissionais que atuavam nas clínicas de
orientação infantil era o de promover a prevenção da doença mental, através da
compreensão e da assistência às manifestações sintomáticas da criança em idade
escolar.
Contribuições
da Psicanálise na Educação
A Psicanálise trouxe uma nova forma de olhar a criança e
a infância. A maior contribuição de
Freud, para os profissionais da educação, reside no fato de ter conduzido a uma
forma nova de olhar a infância, que contrasta fortemente com a crença vitoriana
de que o mau comportamento ou os problemas de personalidade da criança eram o
resultado do pecado original, só corrigíveis por uma disciplina severa e
rígida. Ao longo dos últimos cem anos, a
Psicanálise teve um papel incontornável na compreensão do funcionamento mental
e, inevitavelmente, foram sendo progressivamente integrados no domínio
educativo.
A extraordinária popularidade da psicanálise poderá, talvez, ser
explicada, em parte, pela sua ousada concepção da motivação humana, ao colocar
o sexo, objeto natural de interesse das pessoas e também sua principal fonte de
felicidade, como único e poderoso móvel do comportamento humano. Em que pese os detalhes excêntricos de muitas
narrativas clínicas, a abordagem do sexo sob um aspecto científico, em plena era
vitoriana, representou uma sublimação, que permitiu que a sexualidade fosse,
sem restrições morais, discutida em todos os ambientes, inclusive nos
conventos.
Essa permeabilidade subjetiva confundiu-se com profundidade
científica, e a teoria foi levada à aplicação em todos os campos das relações
sociais, nas artes, na educação, na religião, em análises biográficas, etc
A obra de Sigmund Freud, centrada inicialmente na terapia
de doenças emocionais, também veio contribuir em muito na área social e na
pedagogia, pois o ato de educar está intimamente relacionado com o
desenvolvimento humano, especialmente do aparelho psíquico.
As maiores contribuições da Psicanálise com a educação em
geral se dão através do estudo do funcionamento do aparelho psíquico e dos
processos mentais, onde ocorre a aprendizagem, do estudo dos vários tipos de
pensamento, da aprendizagem através dos processos de identificação e dos
processos de transferência que ocorrem na relação professor- aluno.
Revelando que o ser humano possui vários tipos de
pensamento (prático, cogitativo e crítico), o estudo freudiano lembra a
importância que tem a escola poder proporcionar o desenvolvimento de todas as
suas dimensões, alargando assim a capacidade do sujeito buscar alternativas por
si próprio e desenvolva o prazer de aprender.
As teorias de Freud podem ser aplicadas ainda hoje na
educação. Cada vez mais é preciso revê-las para entender como se processa o
desenvolvimento do aluno tanto emocional quanto mental. Ainda temos uma
educação que infelizmente trata os alunos como iguais, usando metodologias que
ignoram as diferenças e o professores muitas vezes não conseguem analisar mais
profundamente os porquês de determinados fracassos escolares, que certamente
estão ligados a problemas emocionais ou a metodologias equivocadas que não
respeitam a forma de construção do pensamento e as etapas evolutivas dos
educando.
A Psicanálise contribuiu para a entrada, no
campo da Pedagogia, de novos elementos de reflexão acerca dos processos
educativos, nomeadamente a questão abordada por Freud, da “transferência” para
o professor, mecanismos da identificação
projetiva no quadro da aprendizagem e da relação educativa, e a identificação
das angústias e medos presentes nessa relação. A conjugação destes dois atributos
chamam a atenção para a importância da história pessoal e da compreensão dos
significados e motivos, conscientes e inconscientes, inerentes a todos os
comportamentos.
Hoje qualquer abordagem do desenvolvimento psicológico é
indissociável dos nomes de Freud, Anna Freud, Melanie Klein, Renée Spitz,
Donald Winnicott e tantos outros que, a partir de uma perspectiva
psicodinâmica, contribuíram para uma compreensão do mundo infantil e dos
processos de desenvolvimento.
A contribuição da Psicanálise à
Educação escolar existe e elase dá no campo da ética, implicando em uma mudança
na postura dos que são afetadospor ela.
É possível,
ainda, falar de Psicanálise para a educação escolar, fora dos moldesclínicos,
na forma de cursos, reuniões encontros e espaços de fala e escuta.
Quealguns conceitos psicanalíticos são
importantes de serem repassados a este outrocampo do conhecimento: aqueles relacionados
ao desenvolvimento infantil, relacionadosà consideração do Sujeito do desejo, a
importância do brincar, (e o que se realiza nele),à sexualidade infantil e a
importância disso tudo para a aprendizagem.
De
outro lado
Desde o início da reflexão sobre
as relações da Psicanálise com a Pedagogia têm-se encontrado uma multiplicidade
de posições cujo protótipo encontrou logo na fase de expansão da chamada
Pedagogia Psicanalítica.
Na desvalorização extrema do papel da
Psicanálise para a educação, podemos encontrar posições como de alguns autores,
segundo a qual os conhecimentos teóricos da Psicanálise (e mesmo da Psicologia)
não têm qualquer interesse para a prática pedagógica, uma vez que tratam de um
setor da vida psíquica com o qual o educador não tem praticamente contato,
mesmo tendo em conta que, na sua prática, é constantemente atingido pelos seus
efeitos indiretos. Argumentam em causa a utilidade do conhecimento
psicanalítico para os educadores, dizendo que as formas de angústia que
interessam ao pedagogo e ao psicanalista nada têm em comum.
Alguns teóricos chamam precisamente a atenção para o que designam por
infiltrações desviantes, ou seja, ideias que, vindas da Psicanálise, não
penetram verdadeiramente o saber pedagógico. Será o caso, na sua perspectiva,
de certas formulações das pedagogias não-directivas ou da pedagogia
institucional. Trata-se de ideias pretensamente fundadas na Psicanálise e que,
por exemplo, apresentam a ausência de educação como algo bom, conduzindo à
educação permissiva, à hipervalorização dos discursos sobre a educação, ou,
ainda, àquilo que os autores consideram como o “veneno sutil” de considerar a
educação como a Psicanálise dos pobres.
Outra crítica, tendo em conta a importância do conhecimento sobre o
desenvolvimento infantil trazido pela Psicanálise, está em saber o que fazer
com esse conhecimento.
Frequentemente, as escolas
solicitam aos psicanalistas, psicólogos, e mesmo aos médicos, que intervenham
sobre situações educativas, mas de forma tal que suscitam grande ambiguidade.
Muitos desses pedidos são no sentido de que tratem dos casos, turmas ou grupos
de alunos numa perspectiva terapêutica, como se nada mais de pedagógico
houvesse a fazer.
Outra
crítica, tendo em conta a importância do conhecimento sobre o desenvolvimento
infantil trazido pela Psicanálise, está em saber o que fazer com esse
conhecimento.
‘O sonho freudiano, que era o de colocar a
Psicanálise a serviço de todos, acabou por fazer da análise, paradoxalmente,
pelo viés institucional, um instrumento de dominação e de seleção’observa
Manonni. No Brasil, sem dúvida, foi a ideia de seleção que predominou entre
nós.Atualmente, a Psicanálise é convocada apenas para selecionar crianças para
classes especiais, ouseja, para estigmatizá-las e segregá-las do convívio com
as demais. E isso é feito através de testes psicológicos que guardam com a
Psicanálise uma influência indireta e cada vez mais tênue!
Conclusão
Embora seja incontestável a grande
quantidade de informação produzida pela investigação psicanalítica sobre a
criança, o desenvolvimento e a aprendizagem, o debate sobre a relevância das
diferentes contribuições psicanalítica para a educação tem permanecido muito
aceso durante décadas.
A
Psicanálise propõe e possibilita a abordagem de problemas que a Pedagogia nunca
coloca. Isso cria a possibilidade de que a leitura do campo pedagógico e
educativo feito pela Psicanálise e a própria compreensão que o professor
formula de si nesse contexto, o possam levar a interrogar-se sobre a sua
prática, colocando-se numa posição criativa, de investigação e mudança.
Este trabalho foi muito importante e determinante para reconhecer a
importância da atuação do inconsciente
na relação pedagógica e educativa. Assim percebo que o ensino da psicanalise a
educadores abre apossibilidade de re-pensar as relações com o saber e com o
exercício de educar de forma distinta com os ideais cientificistas da pedagogia
e da transmissão sem efeitos da ilusão universitária, distinção entre teoria e
prática.
Partindo do pressuposto, que o pedagogo é o profissional responsável
pela educação de crianças e que, esse poderia fazer uso das teorias
psicanalíticas para uma reflexão da sua prática identifico que nos cursos de
Pedagogia, a Psicanálise é trabalhada somente como um tópico dentro da disciplina
Psicologia da Educação.O tempo dedicado aos estudos das ideias psicanalíticas é
consideravelmente curto, não sendo possível desenvolver o conteúdo previsto;
que a psicanálise ajuda na escuta do professor ao que o alunotraz, evitando
julgamento moral; que a visão psicanalítica pode mostrar ao professor que não é
somente ele o responsável pela detenção do conhecimento; que os estudos de
Freud atraem o interesse dos estudantes de Pedagogia, apesar de não objetivar a
utilização da Psicanálise para a prática docente, e sim para compreensão da
vida pessoal; que as ideias psicanalíticas podem possibilitar uma reflexão da
sua prática, no processo de interação com o aluno, com a família, aluno- aluno,
além de ajudar na compreensão da sexualidade e problemas de aprendizagem. A
Psicanálise pode contribuir com a formação do pedagogo e, principalmente, no
desenvolvimento da ética dentro da sua docência.
Este foi o primeiro passo para o estudo e
idealização de um tema para a iniciação à pesquisa científica tem
tão controverso e importante e que possui várias problemáticas. Desde Freud,
que no meu conhecimento de senso comum a tudo explicava, percebo que Freud
verdadeiramente implicava com a Educação dizendo-a impossível.
Referência Bibiliográfica
KUPFER, Maria Cristina. Freud e a
educação: o mestre do impossível. São Paulo: Scipione, 1989. (Série:
Pensamento e Ação no Magistério).
Revista
de Psicologia – ISSN 2177 4552 E4-07 A contribuição da
psicanálise para a educação
Abrão,
J. As Influências da Psicanálise na Educação Brasileira no Início do Século
XX. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
/ptp/v22n2/a13v22n2.pdf>. Acesso em: 30 de agosto de 2008;
___________
Freud e a Educação, dez anos depois. Revista da Associação Psicanalítica
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Libâneo,
J. C.. Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Educar em Revista,
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A contribuição da psicanálise para a
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Acesso: em 06/12/2012
Reich,
W. (1942). A Função do Orgasmo: problemas econômicos sexuais da energia
biológica. Trad. Maria da Glória Novak. 13ªed. São Paulo,
Brasiliense, 1987.
Zulliger,
Hans. Oskar Pfister, In: ALEXANDER, F. EISENTEIN, S. GROTJAHM, M. (Orgs).
Psychoanalytic Pioneers. New York: Basic Book. 1966.
Centro de Estudos em Educação, Tecnologias e Saúde http://www.ipv.pt/millenium/Millenium38/13.pdf – Acessado: 07/12/12
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